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Série upcycling: a boa e velha mania de reutilizar – parte 1

Série upcycling: a boa e velha mania de reutilizar – parte 1

Série upcycling: a boa e velha mania de reutilizar – parte 1

Eu sempre gostei do movimento hippie, por pregar um modo de vida fraterno, natural, pacífico, espontâneo, entre outras coisas. O despojamento é o primeiro fator que curto no estilo. A possibilidade de decorar e se vestir com o que se tem, reutilizar, compartilhar, combinar peças e artigos aleatórios de culturas diferentes é encantadora.

Não curto rótulos, mas desde pequenininha me considero hippie. No sentido de ser livre, de fazer as coisas com minhas próprias mãos, ignorar o sistema e a moda da vez, de entender que tudo é sagrado e nada deve ser desperdiçado. Acho que por isso busco criar peças atemporais e sempre estou em busca de soluções para lidar com resíduos.

O movimento da contracultura já fazia parte da minha vida antes mesmo de eu conhecer esse conceito. Minha família toda sempre teve um espírito muito ligado à natureza, a tudo que é orgânico, no sentido mais amplo da palavra. Reutilizar é tipo oração em casa. Existe muito respeito com todo objeto e sempre é possível aproveitar. E se não for para nós, doamos, pois para alguém será.

Não consigo me lembrar de quantas foram as vezes em que peguei restos de tudo que podia encontrar e criei esculturas, quadros para casa, roupas, acessórios… Na época de vacas magras (a.k.a. dureza extrema econômica), fazer algo com as próprias mãos se tornou questão de sobrevivência e passatempo, pois tanto como necessidade quanto como diversão era o que tínhamos.

Galho, pau, sarrafo, pedra, prego torto, retalho de tecido, resto de fio, jeans rasgado, meia velha, brinco sem par, rolha, tampa de garrafa, potes de vidro, embalagens de papelão… Tudo era vida em potencial. Tudo se transformava.

Entretanto, me lembro claramente de quando o DIY era pura expressão e fazia parte de um contexto onde a criatividade era crucial para viver, era o trivial, sem ser banal. Era o bem mais precioso.

Hoje, com acesso a diversos materiais, me vejo deslumbrada e até meio perdida, abobalhada com tantas possibilidades. Meu coração me diz que a palavra de ordem para equalizar essa nova realidade é manter meu espírito hippie: resgatar minhas raízes, reutilizar tudo que for possível e trabalhar como antes, com restrições. E isso me deixa tão leve, feliz e criativa!

Uma das pessoas que sempre me inspira a me reconectar com essa energia crua do fazer manual é a Marie Castro. Vejo no trabalho dela uma referência que considero a mais preciosa dentro do artesanato, a de que o simples é o máximo do refinamento. Precisamos de pouco para criar algo.

Aqui você pode ver duas peças que fiz com restos de materiais: https://www.instagram.com/p/BonFcTTl7Pb/

https://www.instagram.com/p/BmhSaykhIly/

Comentários (2)

  1. adorei

    Eliana oliveira
    abr 12, 2019